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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Confissão

Querido Martin,

Meus professores de língua portuguesa sempre disseram que não era pra começar cartas dessa maneira, mas como penso que nenhum deles chegará a ler essas linhas, eu inicio:
Venho por meio desta dizer-lhe algo que muito me aflige no momento. É madrugada, e não consigo dormir. Me pergunto se é pelo fato de eu ter ficado completamente imóvel durante o dia,  deitada contemplando o andar de um inseto qualquer no meu forro, ou se essa é uma dessas noites em que é impossível dormir um sono agradável. 
Enfim, cá estava eu, ouvindo músicas bonitas e tristes, quando senti vontade de falar. Não posso lhe contatar a uma hora dessa, seria descortês da minha parte invadir sua casa, ou qualquer coisa parecida. Decidi então escrever para depois enviar-te. 

Talvez você não saiba, meu bem, mas eu faria tudo o que você me pedisse para fazer. Sinto que poderia correr pelada na avenida mais movimentada dessa cidade em horário de maior movimento, se você quisesse. Sinto que poderia vencer todos os meus medos e inseguranças, caso você me pedisse. Aliás, se estivesse bem perto de mim, e eu pudesse ver sua alma bonita através de seus olhos igualmente belos, eu poderia até morrer, se assim o desejasse.
No entanto, no dia de ontem, você acabou por me pedir algo que não pude fazer de pronto. Sinto se o desapontei. Sei que o desapontei. Eu juro pra você, eu faço o que você me pediu toda vez que nos falamos, sempre que nos encontramos. É preciso que preste atenção, que leia nas entrelinhas o que não sou capaz de gritar aos quatro ventos.

Bom, ontem você pediu que eu dissesse que lhe amava. Você quase não acreditou quando não consegui. Fingiu que estava tudo bem, mas eu lhe conheço, querido.
Por isso eu te digo, eu digo. Todos os dias digo que amo você. Sinto se dessa maneira não é suficiente. Mas é a única maneira que consigo.
Espero que tudo tenha ficado claro pra você. E peço que me perdoe pelo excesso de palavras.

Com todo o amor da vida, do universo, e tudo mais,
Laura.

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5 comentários:

  1. Lindo texto. Lindo, lindo,lindo.

    Beijos
    Érica (http://conversasemilkshakes.blogspot.com.br)

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  2. gostei muito do texto , realmente uma parte que me toca . confesso que até dei um sorriso quando li a parte "corro nua na avenida" rs . você escreve muito bem , sucesso a você e em suas escritas Giulia .
    passa lá no meu quando tiver um tempinho , suummerlove.blogspot.com
    bjo :*

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  3. É...as expectativas, sempre a nos puxar os pés.... gostei da carta, muito bonita e cheia de sentimentos, espero que isso o amenize...

    Ah, sobre o "querido fulano", também uso no começo das minhas cartas no meu blog...fica melhor! rsrs

    Beijos e feliz 2013!

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  4. Olá, seu texto está muito bem escrito e eu não dou a mínima para aquelas regras chatas que os professores de português me ensinaram.
    Quanto ao amor da carta, pobre Laura, fazendo tudo o que o Martin quer.
    petalasdeliberdade.blogspot.com

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  5. Um "eu te amo" sincero é uma das coisas mais difíceis de se desengolir! Pelo menos Eu, que tenho muito de Laura, penso isso. Aliás, Laura é um nome tão lindo, né? Parece que após essas 7 letras ficamos nús diante da pessoa que as recebeu. É preciso coragem, é. Adorei o conto, cartas são uma maneira tão linda de demonstrar sentimentos! Saudades daqui, não suma! *-*

    Beijos!

    http://alacazaam.blogspot.com

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