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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Nada, tudo


Certa vez, uma garota olhou para o céu e tudo mudou. Ela refletiu arduamente se aquilo fora uma epifania, dessas que lera tantas vezes nas histórias de Clarice Lispector. O azul do céu era diferente de todos os tons de azul que já vira. Era uma mistura de rosa claro, amarelo, mas era azul. Não conseguia entender como o azul poderia ser rosa e amarelo ao mesmo tempo, entretanto, logo tratou de fazer uma analogia.
Se o céu poderia ser azul rosa, porque ela deveria levar consigo um rótulo, e apenas um? Decidiu que não seria nada, seria tudo. Tudo o que quisesse ser, seria.
 E ela queria ser fotógrafa e mecânica, jornalista e médica, costureira e engenheira, queria ouvir MPB e rock, queria se apaixonar por duas pessoas ao mesmo tempo, queria acreditar em Deus e queria questionar Suas decisões, queria ler um livro de auto-ajuda e um de ficção, queria assistir uma comédia romântica e um documentário sobre a fome na África, queria ser atleta e psicóloga. 

Ela correu. 

Imagem: weit

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4 comentários:

  1. Que texto lindo! Eu me sinto assim tantas vezes KK D:
    http://www.prontaparacrescer.com/

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  2. Esse ultimo parágrafo me lembrou essa pressao pré-vestibular. (Não sei se foi a intenção, provavelmente não, haha) Tipo, tem tanta coisa que me atrai, como, aos 17 anos, vou escolher uma?

    Beijos
    Mulher gosta de falar

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  3. Esse texto me lembrou um pouco os da própria Clarisse. Algo como fluxo de pensamento, sabe? Acho esses tipos de texto tão envolventes, até porque me identifico um bocado com eles (sou do tipo de pessoa que nasceu com um narrador na cabeça e analisa tudo que acontece em uma fração de segundo). E sobre mudanças: Acho que de uma forma ou somos obrigados a mudar. Decisões, conceitos, atitudes e quem se recusa à isso permanece a vida inteira com uma """opinião formada""", simbolo, pra mim, de mais profunda ignorância.

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  4. Poxa.. bate aí *-*
    Sempre digo isso, não diretamente.. mas escrevendo. Tenho vontade de ser tudo, sem me rotular, sem escolher ser, mas apenas ser apenas por ser. Acredito e desacredito em Deus.. pq? pq meu Deus é diferente. Como diz Martha Medeiros: Meu Deus sorri!
    E sobre o comentário lá no meu blog... aquela música é do Teatro Mágico mesmo, rs.
    Gostei daqui. Adoro layouts simples, sem frescuras.

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