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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Amigos

Era meia-noite quando ela percebeu.

Ela havia acabado de ler um livro. Anotou mentalmente que era o melhor que lia em muito tempo. 
Sorriu, e encarou a capa gasta e amassada. 
Suspirou, e se perguntou quando fora a última vez que se divertira tanto; lembrou-se da reunião de amigos no aniversário da Marcela, do cinema no fim de semana, da balada de formatura do Guga, da pizzaria de sexta a noite e do boliche com os colegas de escritório. 
Sentiu um arrepio estranho percorrendo-lhe o corpo quando percebeu que em nenhuma de suas lembranças a diversão havia sido verdadeira. Seus amigos e conhecidos a rodeavam, ela sorria e ria, conversava, dançava, brincava, pulava, comia, contava piadas, ria mais um pouco... Porém, o lado de dentro estava apagado, com um letreiro vermelho piscando, tipo aqueles de boate de streap-tease, com os dizeres: sozinha. Piscava intensamente, mas ela não podia perceber, por causa das vozes que ouvia e das milhares de cores que via.
Agora, no silêncio, podia perceber a falsa felicidade que naquele instante feria seu ser iludido. 

Encarou novamente a capa do livro. 
E então, sorriu com sinceridade.
Relembrou os momentos divertidos que passara fazendo aquela leitura. Rira e chorara. Sentira medo e apreensão, mas percebeu que sentira liberdade. Pensou no que aprendeu com a história, e divagou que aquela seria uma das inesquecíveis...

Era meia-noite e meia quando ela decidiu.

Quando estava rodeada de gente, sentia-se sozinha. Quando estava rodeada de livros, sentia-se completa, cheia de algo que nem mesmo o mais sábio dos sábios poderia explicar. O livro fazia aquilo que todos sempre procuraram nas outras pessoas: companhia. Fazia rir e chorar, ensinava, aconselhava, ouvia, e além de tudo isso, fazia sem esperar retorno, de graça. E nós poderíamos retribuir sem medo de achar que o damos em troca é insuficiente, porque para o livro, ser lido basta. E ela, entendeu que o livro e o ser humano era a espécie de amizade mais singela e verdadeira que poderia existir.

Ela se levantou, guardou o livro em sua estante abarrotada, foi para cama e dormiu um sono leve.
Sonhou sonhos coloridos, desses que só quem descobriu o pote de outro da felicidade têm. 

Imagem: weit

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5 comentários:

  1. Sinto muito isso as vezes. Quando me chamam para uma festa e eu quero ficar em casa, lendo. Ou ouvindo musica ou qualquer coisa que me traga prazer, sozinha. Tem dias que a gente fica assim, mesmo. Acho que é natural. No entanto, acho extremamente importante não se isolar. Tentar apreciar a companhia das pessoas que te cercam e que te amam.

    PS: Voce tava falando do Eu sou o mensageiro?Gostou do Easy A?

    Beijos.
    Mulher gosta de falar

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  2. Eu amei o seu blog *--*
    o template é LINDO e gostei doos seus textos, achei eles simplesmente incrível, ♥

    http://thayshafer.blogspot.com/

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Noossa qe textos lindos *-*
    seguino aq S2

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  5. Isso é normal com todo mundo não é? Tem dias que não dá vontade de conversar com ninguém, só ficar no seu canto, em paz. De vez em quando até por preguiça mesmo! Quando é comigo, um livro é sempre a melhor companhia. Adorei seu blog viu? Um beijo ;*

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