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sábado, 3 de dezembro de 2011

Nova garota

Era uma vez uma garota feliz. Ela gostava muito de falar. No começo a tal garota até que era tímida, mas depois de um tempo de convivência, percebia-se que ela amava falar. O que ela mais gostava de fazer, era chegar na escola e contar às suas amigas tudo o que sucedera desde a ultima conversa. Antes de encontrá-las, ela chegava ao cúmulo de organizar em tópicos os assuntos dos quais falaria. E ela não revelava somente o que fizera de bom durante o dia, ela falava também sobre o que sentira, sobre o que pensara. As vezes, na pura ânsia de expulsar as palavras e sentimentos de dentro dela, ela ligava pra sua melhor amiga, sem ter nada específico a dizer, arrumava uma desculpa, inventava um assunto e discava os números conhecidos. E assim, ela e sua melhor amiga se falavam durante horas a fio, e quando ela desligava o telefone se sentia mais leve e incrivelmente feliz. Bom, a leveza passava quando a conta do telefone chegava, e sua mãe pedia uma explicação.
Porém, a vida, as pessoas e alguns acontecimentos fizeram com que a garota começasse a se fechar gradativamente. E no final, ela acabou trancando seu coração a 70 chaves, e ninguém mais teve acesso a ele. Tudo o que dizia era superficial, sempre mudando o rumo da conversa, saindo pela tangente quando o assunto dizia respeito ao que sentia. Então, ela criou uma máscara e passou a afirmar aos ventos que preferia mil vezes escutar aos outros a falar. 

Era uma vez uma garota triste. E mais do que isso, era uma vez uma garota sozinha. Ela cresceu, e seus problemas começaram a ficar mais sérios, justamente quando ela não mais se sentia a vontade para pedir ajuda e dividir esses problemas com alguém. Por isso, todo dia antes de dormir, ela chorava. Chorava todas as suas angústias, seus medos e inseguranças, seus amores, suas dores e chorava também suas alegrias e realizações.
Certa vez, a garota descobriu uma maneira mais eficiente de chorar seus sentimentos: escrevendo. Desta maneira, com algumas palavras bonitas, ela se fazia entender. Vez ou outra ela se escondia em seus personagens, principalmente quando sentia que o assunto a tratar era mais delicado. 

Era uma vez uma nova garota, não tão feliz como outrora, mas agradecida por ter descoberto mesmo em um momento ruim, que escrever era algo que sabia fazer. Hoje, ela é literalmente um livro aberto. Ela não fala, ela escreve. Espalhadas pelos textos que ela produz, estão as 70 chaves com que trancou seu coração, e assim, os leitores que chegam ao ponto final, chegam também ao local mais secreto, mais escondido, o local que a garota mais preza e mais protege: lá está a sua essência. É lá onde ela realmente está.



Imagem: weit

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5 comentários:

  1. Uau! Me senti até meio sem fôlego lendo esse post. Todo ele. Talvez porque eu tenha me sentido um pouco como essa garota :/
    Perfeito.

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  2. Esse texto é incrivel, faz a gente sentir toda a emoção que está escrito nele.
    Vc escreve muito bem, parabéns ^^

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  3. Cara, sério.. não sei se fico feliz por saber que tem mais gnt como eu ou se fico triste por por saber disso... pq é triste estar triste ><
    Mas digo que me encontrei nisso que você disse *-*
    esse negócio de mudar de repente, de não mais se sentir a vontade em dividir os problemas com alguém, de se isolar e coisa e tal... não sei se é a idade. Espero que seja.. seria mais reconfortante que no futuro a gnt mudasse né? =/
    Bom.. gostei do texto de verdade

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  4. Fiquei muito encantada com os textos do seu blog.
    São de sua autoria?
    Se sim, você escreve maravilhosamente bem *-*
    Eu me identifiquei bastante com ele, confesso que me sinto assim muitas vezes, mas passa...

    Sobre estudar exatas, é MUITO difícil. Pensei seriamente em desistir, mas vou esperar mais um pouco pra não tomar uma decisão precipitada.
    Beijos!

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  5. Adoro seus textos, mesmo. Acho que o autor poe muito mais emoção em seus textos quando encontra nele uma forma de exalar o que não consegue por pra fora com falas. Afinal, palavras são muito mais fáceis de se manipular do que dizeres. Gosto muito mais do que escrevo quando triste, então faço da tristeza algo produtivo e inspirador. E isso me aproxima cada vez mais da alegria. Beijocas, sua visita no blog é sempre muito bem vinda ^-^! ;*

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